Josune Garcia
Deixamos para trás o inverno rigoroso e nosso amigo Marcel Aragonés, completando o ciclo sazonal anual com a chegada da… primavera! Fazemos a troca de guarda-roupa com detalhe e delicadeza, porque Josune García, nossa artista neste intervalo, continua trazendo a mesma força em suas pinceladas e a mesma paixão em sua pintura. Uma artista autodidata confessa que, com a maturidade, foi liberando lastro ao se fazer.
Josune baseia sua pintura na liberação de sua mente e em seu traço. Sua intenção é mostrar sensações e gerar surtos emocionais no observador por meio de contrastes. Seus trabalhos nos surpreendem pelo uso inteligente da cor, às vezes pontilhada de flashes dourados que conferem personalidade à obra e quebram a composição. Muitas de suas telas, repletas de formas florais, são banhadas por gotas deliberadas de ares grunge, que geram inquietação, mas trazem equilíbrio ao tema da pintura.

Desenhar com meu pai é a parte da minha infância de que mais me lembro.
Sempre me senti uma aberração, e essa foi a maneira de mergulhar em meu mundo pessoal e inabalável. Mas foi só em 2003, durante minha estada em Londres, que comecei a fazer experiências com a abstração.
Certo e errado não tinham lugar em seu sistema educacional e a infinidade de estímulos que recebi do meu ambiente me encorajou a me descobrir por meio desse meio.
Passei anos em busca do sucesso que me foi incutido socialmente e, quando o fiz, pude ver o quão infeliz você pode ficar quando se afasta de sua alma.




Em 2016, deixei o “sucesso corporativo” para trás e me lancei à experimentação.
Na pintura, encontro refúgio e escape de uma mente hiper-racional.
É nesse estado de graça que crio e observo as emoções que capto na tela, no papel ou no quadro.
Cor e movimento são meu bálsamo.
Um processo criativo espontâneo e livre que me permite fluir para lugares onde a pintura me quer levar.

